O Espírito Santo vive dias de insegurança e medo nas ruas. Desde que familiares de PMs decidiram paralisar as atividades dos militares, impedindo a saída deles dos quartéis, a Grande Vitória registrou um alto número de assassinatos, assaltos, tiroteios e saques a comércios. Com medo, a população não saiu de casa. Entenda como começou esse movimento:
Quando as manifestações começaram?
Familiares de policiais militares, sendo a maioria mulheres, começaram um protesto no sábado (4) às 6h, em frente aos batalhões da PM.
A manifestação foi registrada em batalhões de todos os sete municípios da Grande Vitória e nas cidades de Colatina, Linhares, Aracruz, Cachoeiro de Itapemirim e Piúma.
Quais são as reivindicações dos manifestantes?
– Melhores condições de trabalho;
– Melhoria em frota sucateada;
– Reajuste salarial: correção de 7 anos de perdas pela inflação, mais ganho real de 10%;
– Auxílio-alimentação;
– Adicional por periculosidade;
– Adicional por insalubridade;
– Adicional noturno
– Plano de saúde
– São obrigados a pagar viatura quando ela bate, mas não recebem adicional por serem também motoristas de viatura.
– Fazem revezamento de coletes muitas vezes indo para casa sem colete (alegam risco no caminho casa – trabalho – casa).
Quanto ganha um policial militar no Espírito Santo?
O piso salarial de um soldado é de R$ 2.646,12. Desse valor, há desconto para o Instituto de Previdência dos Servidores do Estado do Espírito Santo (IPAJM). A remuneração pode ser um pouco maior, quando o soldado cumpre escala extra. A média nacional é de R$ 3.980, segundo a Associação dos Oficiais Militares do Espírito Santo.
Há quanto tempo a categoria não recebe reajuste?
Os policiais estão há 7 anos sem aumento real e há 4 anos sem reajuste da inflação, segundo a Associação dos Oficiais Militares do ES.
Por que o governo estadual afirma não poder reajustar salários?
O governo diz que o reajuste pedido pelos PMs – reposição da inflação e ganho real de 10% – custaria R$ 500 milhões ao ano para o estado. Segundo governador do Espírito Santo, Paulo Hartung (PSDB), o estado enfrenta uma crise financeira e está “no limite” para dar reajuste salarial, dentro da Lei de Reajuste Fiscal.
O governador em exercício, César Colnago, disse que, diferente de outros estados, “os servidores do Espírito Santo estão recebendo em dia”. “Nós não somos um governo populista, que promete as coisas e não tem como cumprir. Não vamos ser irresponsáveis.” Segundo ele, o governo só vai discutir reajuste quando tiver condições financeiras.
Por que a Polícia Militar não pode fazer greve ou sindicalizar?
Os familiares protestam no lugar dos PMs, porque eles são proibidos pela Constituição Federal de fazer greve ou paralisação. Isso acontece porque os policiais militares se enquadram no regime militar, ou seja, devem obedecer às mesmas regras dos demais militares. A pena para o PM que participar em atos desse tipo pode chegar a dois anos de prisão.
De quantos policiais é composto o efetivo da Polícia Militar do ES?
Na ativa, há cerca de 10 mil policiais, sendo 2 mil por dia nas ruas, em escala.
Qual a situação do movimento, segundo a Justiça?
A paralisação foi classificada pela Justiça como “greve branca”, uma vez que os militares alegam não poder trabalhar por conta do protesto dos próprios familiares. Portanto, o movimento foi considerado ilegal. Associações de policiais militares, sargentos e oficiais serão multadas, cada uma, em R$ 100 mil por dia.
Qual foi a resposta das associações de policiais sobre as multas?
O representante da Associação dos Oficiais Militares do Espírito Santo, major Rogério Fernandes Lima, disse que a instituição foi notificada e que os advogados vão apresentar a defesa nesta terça. “Nós não fazemos greve. O que está acontecendo é um impedimento, por parte dos familiares, que os policiais saiam para o serviço. Se houver a caracterização de que o PM não quer ir ao policiamento, aí sim poderíamos falar em greve branca, aquartelamento. Até agora, não é o que acontece”, afirmou.
Entenda a crise na segurança no ES
– Os PMs reivindicam aumento nos salários, pagamento de benefícios e adicionais e criticam as más condições de trabalho.
– Como os PMs não podem fazer greve, as famílias foram para a frente dos batalhões para impedir a saída das viaturas policiais.
– O bloqueio começou no sábado (4) e atinge a Grande Vitória e cidades como Linhares, Aracruz, Colatina, Cachoeiro de Itapemirim e Piúma.
– Desde então, o Espírito Santo registrou 87 mortes violentas, segundo o sindicato da Polícia Civil.
– Escolas, postos de saúde e parte do comércio estão fechados desde segunda-feira (6), quando ônibus também pararam de circular. Os coletivos voltaram a rodar na manhã desta terça (7), mas foram recolhidos novamente às 19h. Na quarta-feira (8), o Sindicato informou que não haverá circulação.
– 1.000 homens das Forças Armadas fazem policiamento na Grande Vitória desde segunda; 200 integrantes da Força Nacional começam a atuar nesta terça.
Fonte: G1